Fábrica Verde
Equipamento vai aumentar reciclagem de resíduos gerados na cidade e permitir a inclusão social e econômica da população de baixa renda
da Redação 8K / Fotos: Bete Santos
Publicado em: 4 de abril de 2024 às 21:21
O prefeito Eduardo Paes e a secretária de Meio Ambiente e Clima (SMAC), Tainá de Paula, acompanhados do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, inauguraram, nesta quarta-feira (03/04), a primeira fase da Fábrica Verde, em Cordovil, na Zona Norte. O equipamento vai promover o aumento da reciclagem de resíduos gerados na cidade, assim como a inclusão social e econômica da população de baixa renda por meio da economia circular.
– É muito bom a gente poder fazer essa estrutura aqui na Avenida Brasil para vocês (catadores). O mais importante é que a Fábrica Verde começa a funcionar com a gestão da Secretaria de Meio Ambiente, mas sempre olhando para uma transição, para que isso aqui seja de vocês. O objetivo é que o governo faça só um impulsionamento, mas que esse espaço seja sustentável e possa caminhar somente com o esforço de vocês – afirmou o prefeito Eduardo Paes.
O processo seletivo das cooperativas que vão atuar no espaço está sendo realizado e a operação deve começar em até duas semanas. Recém-adquirido pela Prefeitura do Rio, o prédio que será a sede da Fábrica Verde tem aproximadamente 6.000m² e fica localizado na Avenida Brasil. Além da reciclagem de resíduos, abrigará projetos de capacitação para cerca de 1.500 profissionais por ano.
– Hoje, a gente apresenta a primeira fase de nossa fábrica. É a primeira vez que a gente está garantindo o lucro e o pagamento aos catadores. Eles são capazes e se autogovernam, e vão tirar o lucro a partir dos produtos. Não vão precisar terceirizar e entregar o material para as grandes empresas recicladoras. Todos os produtos da Fábrica Verde vão estar à disposição na plataforma de venda online da Prefeitura e nós vamos vender a produção diretamente para o consumidor. Não vamos distribuir lucro com empresas que não preservam o meio ambiente – ressaltou a secretária de Meio Ambiente e Clima, Tainá de Paula.
O objetivo é estimular a evolução das atividades e das políticas públicas desenvolvidas em cada espaço voltado para a preservação e a conscientização ambiental.
– Essa experiência da Fábrica Verde enche os olhos e tem que dar certo para ser exportada para o país inteiro. A cadeia produtiva da reciclagem é um trabalho digno como qualquer outro, não pode ser discriminada. Além de tudo, são agentes ambientais porque evitam que uma quantidade de material polua o meio ambiente – disse o ministro Márcio Macêdo.
Qualificação ajuda a ingressar no mercado formal
Os catadores que atuarem do projeto receberão uma bolsa e uma participação pelo material reciclado. Além disso, se participarem das qualificações, também terão condições de buscar oportunidades de acessar o mercado formal. A cooperativa desses trabalhadores recebe como incentivo um direcionamento dos itens recicláveis para a fábrica e apoio logístico para a venda do material.
– Para a gente, esse espaço vai ter um significado muito importante, com a inclusão direta dos catadores e catadoras de material reciclável. Isso valoriza a mão de obra e também vai agregar valor ao nosso trabalho dentro da cadeia produtiva da reciclagem. A gente vai ter um espaço que diminui os custos, porque muitos de nós pagamos aluguel pelo espaço onde são montadas as nossas bases. Tem também outros gastos, como água e luz. Então, quando se tem um parceiro que vai arcar com esses custos, você consegue agregar valor para poder aumentar a renda do catador e da catadora – disse Claudete Costa, que será a gestora da parte de reciclagem de resíduos da Fábrica Verde.
O espaço também será uma fábrica-escola para gerar produtos finais, com valor agregado. Na medida em que as pessoas forem capacitadas, vão colocar o aprendizado delas nas peças produzidas a partir dos resíduos processados na Fábrica Verde.
– A Fábrica Verde é um grande centro não só logístico, mas também para a aplicação dos resíduos em toda a cadeia produtiva da reciclagem. Hoje, a maior parte do trabalho dos catadores consiste na triagem e prensa do material coletado. A proposta aqui é que o catador consiga, por exemplo, lavar e triturar o plástico, que passa a ter outro valor agregado e, assim, ele vai ganhar mais. Isso é transferência de tecnologia social para que esses catadores consigam agregar mais valor ao produto do seu trabalho – explicou a coordenadora da Fábrica Verde, Lívia Galdino.
Com operação plena, a Fábrica Verde vai desenvolver e gerar produtos nas suas instalações a partir do resíduo coletado. A ideia é que a parte têxtil seja utilizada também para a confecção de roupas, bolsas, estojos que podem servir para algum projeto-piloto em escola do município ou para algum hospital da rede municipal ou posto de saúde.
Outro exemplo é o óleo residencial que será coletado. A ideia é transformá-lo em cosmético. E, futuramente, a previsão é a expansão dessa planta do óleo para geração de biodiesel.
Do material coletado, o alumínio tem maior índice de reciclagem. Noventa e oito por cento do alumínio descartado hoje no Brasil são reciclados e voltam para novas latinhas. Há um volume muito grande, também, de papel, que após reciclagem serve para fazer papel e papelão reciclados.
A Fábrica Verde terá capacidade de produzir:
Triagem de recicláveis
300 toneladas de material reciclado por mês, estreitamento da cadeia de reciclagem direto para a indústria e criação de 32 postos de empregos diretos
Têxtil
Produção de nove mil cobertores e quatro mil peças de vestuário por mês, com a geração de 42 postos de emprego e faturamento de R$ 204 mil por mês.
Óleo vegetal
Produção de dois mil quilos de sabão e sabonetes por mês, com a geração de 12 postos de emprego e faturamento de R$ 15 mil/mês. Evitando a contaminação de aproximadamente 150 milhões de litros de água.
Placas de embalagem longa vida
Produção de seis mil telhas ecológicas por mês, com a geração de 12 postos de emprego e faturamento de R$ 480 mil por mês.
Eletrônicos
Recondicionamento de 50 computadores por mês, com a geração de 20 postos de emprego e faturamento de R$ 80 mil por mês.
Coco
Processamento de 80 mil quilos por mês, produção de 50 mil quilos de fibra e pallets para combustível verde, com a geração de 12 postos de emprego e faturamento de R$ 80 mil/mês.