Alberto Gallo
Por: Alberto Gallo
Especialista em Gestão Publica e Pesquisador PPED UFRJ
Fotos: Reprodução
Publicado em: 15 de novembro de 2024 às 16:05
Por ocasião da festa do Jubileu de Dom Orani, recordo de um grande livro que destaca a sabedoria do líder-servidor: “O Monge e o Executivo”. Nosso Pastor, na arquidiocese demonstra essas virtudes e qualidades de um grande líder do século XXI.
09/11/2024
O livro O Monge e o Executivo de James Hunter, é considerado um “best seller” do gênero de gestão e liderança, aplicados aos negócios de nosso tempo. Conta a história de John Daily, um executivo bem-sucedido que, apesar de seu sucesso profissional, enfrenta uma crise pessoal e de valores. E durante um final de semana, o executivo busca um retiro em um mosteiro beneditino, e juntamente com outros homens e mulheres de negócios, eles fazem grandes descobertas com Irmão Simeão, um monge, mas que antes da vida monástica, havia sido um destacado CEO e que abandonou sua carreira para dedicar-se à vida monástica.
O cerne da obra está na visão de serviço do verdadeiro líder ao contrário da lógica de vaidades e reconhecimento do mundo. Aqui há um desafio às noções convencionais de poder e autoridade. Hunter, através do personagem do monge e no diálogo como o executivo, aprendemos um pouco deste modelo de líder que inspirar pelo serviço; a autoridade não está em mandar, mas em ser capaz do sacrifício, de assumir riscos e por vezes encarar a solidão.
Algumas decisões não são coletivas e nem sempre são agradáveis a todos. A liderança pelo serviço, muitas vezes pode parecer um absurdo em uma mentalidade hierarquizada onde cada escalão é revestido de pompas, diplomas, vaidades, remuneração, status e nas redes sociais.
O livro é uma leitura essencial para os interessados em liderança, seja no contexto empresarial, educacional ou pessoal. Sua mensagem central – de que a verdadeira liderança é baseada no serviço, no caráter e na influência positiva e oferece uma perspectiva refrescante de como liderar em um mundo cada vez mais complexo e desafiador.
E por ocasião da celebração dos 50 anos de ordenação presbiteral de nosso arcebispo metropolitano Dom Orani João, Cardeal Tempesta, conseguimos nele personificar as grandes virtudes descritas no livro de Hunter. E é bom termos estes exemplos próximos, na vida real; não são motivos de vaidade ou bajulação e sim, nos próprios termos do livro, os líderes nos servem como inspiração e modelo, são exemplos para nossa melhoria.
Primeiramente é importante entender sua formação como monge, e tal qual no livro, a ordem dos Cistercienses, tem origem e motivação como movimento de reforma dentro da Ordem Beneditina, buscando um retorno à observância estrita da Regra de São Bento, com ênfase na simplicidade, pobreza e trabalho manual.
E aqui vale destacar quatro características da vida de Dom Orani que traz das regras como Abade, (o líder da abadia que é casa onde congrega os monges):
- Liderar com sabedoria e discernimento: O abade deve “presidir a seus discípulos usando de uma dupla doutrina, isto é, apresente as coisas boas e santas, mais pelas ações do que pelas palavras”. Ele deve liderar com prudência e justiça.
- Saber ouvir os irmãos sem julgamento severo: O abade deve tratar os monges de acordo com suas necessidades individuais. “Aos indisciplinados e inquietos deve repreender mais duramente, mas aos obedientes, mansos e pacientes, deve exortar a que progridam ainda mais”.
- Praticar a escuta ativa e convocar a comunidade para conselho:
“Se, porém, for preciso fazer alguma coisa de menor importância dentre os negócios do mosteiro, use o Abade somente do conselho dos mais velhos”. A Regra enfatiza a importância de ouvir todos os membros da comunidade, pois “muitas vezes o Senhor revela ao mais moço o que é melhor”. - Exercer a hospitalidade e acolhida dos viajantes: Embora não explicitamente mencionado nos trechos fornecidos, a hospitalidade é um aspecto importante da Regra de São Bento, com um capítulo inteiro dedicado à recepção de hóspedes. Um ponto especial na cidade do Rio que recebe viajantes e peregrinos de todo o mundo, e onde também vivemos uma situação de pessoas sem teto.
Nos anos recentes, temos tido oportunidade e acompanhar a liderança de Dom Orani em nossa grande cidade. Uma cidade dividida e complexa, e o que percebemos é um homem incansável, chamado de “peregrino da esperança”, cuja jornada não se limita aos altares, mas se estende pelas ruas da cidade. É uma das vozes mais respeitadas na Igreja Católica, especialmente na América Latina e tem iniciativas pastorais para agregar o povo cristão em torno aos objetivos da Igreja local: publicou cartas pastorais sobre temas como esperança e paz, e implementou novas iniciativas como o Ministério dos leigos na Arquidiocese. E por ocasião do Ano Santo de 2025, de toda a Igreja no Mundo, Dom Orani nos convida para reflexão “Missão, Esperança e Paz”.
Este exemplo nos inspira a nos colocarmos também a serviço.
Nosso monge completa 50 anos de sacerdócio. E com vigor de um jovem incansável em uma postura de servir sempre e com zelo. É também um executivo com diligência e atenção em cada projeto e atento para que a organização possa desempenhar sua missão com eficiência e resultados. Por isso a alegria do Povo de Deus, do Rio de Janeiro, ovelhas atentas ao bom pastor e festejando nesse Jubileu.