Rita Lee falou sobre a própria morte em autobiografia
Por Silvia Pereira / Fotos: Arquivo
Conhecida por não ter papas na língua, Rita sempre tinha uma declaração polêmica para fazer. Nem mesmo sua própria morte escapou de sua fina ironia.
Em “Rita Lee, uma Autobiografia”, ela imaginou de forma bem-humorada como seriam os momentos após a sua partida.
“Quando eu morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá, colegas dirão que farei falta no mundo da música, quem sabe até deem meu nome para uma rua sem saída”, escreveu.
“Os fãs, esses sinceros, empunharão capas dos meus discos e entoarão ‘Ovelha Negra’. As TVs já devem ter na manga um resumo da minha trajetória para exibir no telejornal do dia e uma notinha no obituário de algumas revistas há de sair. Nas redes virtuais, alguns dirão: ‘Ué, pensei que a véia já tivesse morrido, kkk’. Nenhum político se atreverá a comparecer ao meu velório, uma vez que nunca compareci ao palanque de nenhum deles, e me levantaria do caixão para vaiá-los”.
A cantora ainda sugeriu seu epitáfio na autobiografia: “Ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa”.
Na era do digital, Rita não deixou de ser icônica e destilou humor ácido também na internet, marcando as redes sociais com suas publicações presentes no Twitter, por exemplo, desde 2010, a cantora mostrou sua língua afiada.
Em um dos tweets escreveu: “Já disse e repito: não me levem a sério, sou falsa, manipuladora, mentirosa e filha da put*. Escrevo o que vem na cabeça, só futilidades”.
Em outro texto, não perdeu o humor: “Não tenho preconceitos, eu odeio todo mundo igualmente”.
- “Se um belo dia você me encontrar pelo caminho, não me venha cobrar que eu seja o que você imagina que eu deveria continuar sendo. Se o passado me crucifica, o futuro já me dará beijinhos. Enquanto isso, sigo sendo uma septuagenária bem ‑vivida, bem‑experimentada, bem‑amada, careta, feliz e… bonitinha”. (Trecho do livro: Rita Lee: Uma Autobiografia).
- “Desconfio de revivals, parece um bando de velhinhos espertos tentando descolar grana para pagar seus geriatras”. (Para a revista Veja em 2006, sobre um possível retorno de Os Mutantes.
- “Prefiro o Rio com dengue a São Paulo governado por Paulo Maluf”. (Em show no Canecão em 2002).
- “Já disse e repito: não me levem a sério. Sou falsa, manipuladora, mentirosa e fdp. Escrevo o que vem na cabeça, só futilidades”. No Twitter, em 2011.
- “Era a mesma história sempre. Ia parar no hospital, achavam que era suicídio, mas não era, era overdose mesmo. Depois que minha neta nasceu e vivi esse repeteco de filho, fiquei tão careta e decidi: não quero mais, chega!”. (Para a revista Isto É, em 2006).
- “Eu gosto muito de festival, acho legal essa coisa planetária. Aí eu achei que, no primeiro Rock in Rio, que eu participei, tinha uma coisa muito estranha por trás. A gente, os músicos brasileiros, ficou meio que de cobaia lá. Para testar a luz, testar o som… Não pode ensaiar. Na noite em que eu fiz minha apresentação, era a de Ozzy Osbourne. E, de repente, ele tinha as reverências e eu tinha que me ‘acochambrar’ a coisa. Uma grande falta de respeito. Aí, no segundo, eu falei: ‘Quer saber? Não vou'”. (Entrevista para Marília Gabriela, em 1991).
- “Acho um saco quando seus colegas me perguntam porque dou entrevistas por e-mail… Essa coisa cara a cara é uma intimidade que eu não dou mais. Já dei bastante, e hoje não posso dispensar as modernidades que facilitam nossas vidas”. (Entrevista para a Folha de S.Paulo, em 2005).