Pesquisa Eleitoral
Carlos Montarroyos (Ex -Dirigente Partidário)
Fotos: Arquivo
Publicado em: 9 de julho de 2024 às 23:53
Essa pesquisa Datafolha que foi divulgada, agora, é a confirmação do meu texto “A DIVISÃO FAZ A FORÇA” onde tento mostrar que a divisão das forças de direita no Rio de Janeiro e não a sua união, resultará em benefício a Eduardo Paes.
Se Bolsonaro já havia lançado o Delegado Ramagem como seu candidato e, portanto, o candidato da direita bolsonarista à prefeitura do Rio de janeiro, por que lançar um outro candidato, tentando atrair votos desse mesmo espectro político?
Porque, se é o mesmo espectro político, ele vai tirar votos do Ramagem e não do Eduardo Paes.
Será isto produto de uma insatisfação da cúpula do PL ou do bolsonarismo com a candidatura de Ramagem? Se for este o caso, seria melhor a retirada da candidatura de uma forma honrosa e não o jogar em uma competição com outro candidato do mesmo naipe, com argumentos pueris de que essa divisão iria forçar um segundo turno, sendo, portanto, benéfica para as forças de direita que se opõem a Eduardo Paes. Eu não estou contra a candidatura de Rodrigo Amorim.
É corajoso, bom articulador e conhece bem os problemas do Rio de Janeiro. Acho também que a candidatura do Ramagem está engatinhando e ainda não encontrou o seu Norte. Mas ele foi lançado por Bolsonaro.
O que eu questiono então, é a duplicidade de candidaturas dessa direita conservadora e bolsonarista, agora dividida entre Delegado Ramagem e Rodrigo Amorim. Ou um ou outro. Não se brinca em política. Principalmente quando a prefeitura do Rio de Janeiro, com sua máquina poderosa, será um ponto de apoio muito forte nas eleições de 2026.
E nesta pesquisa Datafolha já podemos ver o tamanho do estrago na área bolsonarista e conservadora.
Porque, logo depois do lançamento da candidatura de Rodrigo Amorim, o Delegado Ramagem encolheu sua votação, o próprio Rodrigo, que era pré- candidato, encolheu também e, Eduardo Paes cresceu, mostrando possibilidades de vencer no primeiro turno.
Se a candidatura de Rodrigo é para forçar um segundo turno, seu efeito foi exatamente o contrário. Gerou confusão na cabeça do eleitor. O qual, diante de uma direita que não se entende, lançando dois candidatos da mesma estirpe, se sente inseguro em apoiar um ou outro e termina apoiando, bem ou mal, o que já existe e que ele já conhece.
No caso o atual prefeito, Eduardo Paes. Foi exatamente o que a pesquisa mostrou. Vemos nesta pesquisa um fenômeno “sui generis” que é a candidatura de Rodrigo Amorim tirando votos do Delegado Ramagem e adicionando votos não para ele próprio, mas ao Eduardo Paes. Difícil entender e aceitar. Mas é uma conclusão real e inusitada. E está estampada na pesquisa.
Porém, o estrago não fica apenas na cabeça do eleitor.
Também vai influenciar no comportamento dos candidatos a vereador.
Ao sentirem que a divisão dará vitória ao Paes, muitos desses candidatos a vereador, passarão a priorizar apenas os seus interesses eleitorais e irão se descolar das candidaturas de Rodrigo e de Ramagem, temendo perder votos por apoiá-los.
Farão campanha solo, ou se ligarão ao Paes, através do Otoni de Paula, que já passou para o outro lado.
Isso diminuirá a votação de Rodrigo e de Ramagem, eliminando assim qualquer chance de qualquer um deles chegar a um possível segundo turno. Do ponto de vista do Eduardo Paes, essa divisão lhe foi benéfica. Pois não apenas lhe dá a possibilidade de vencer no primeiro turno, como, por ficar fortalecido, não precisará ceder às pressões do PT para aceitar um candidato a vice, vai de chapa puro-sangue.
E o PT, por mais que tenha vontade, diante dessa negativa do Eduardo, de lançar candidatura própria, não o fará, para não correr o risco de mudar o rumo da eleição, com a divisão das forças do Eduardo.
Nisso, o PT é mais sagaz, mais experiente e menos ingênuo que os nossos articuladores.