Como o Rio pode se tornar a Hollywood Carioca, a exemplo de Seul na Coréia

Brasil conquistou seu primeiro Oscar

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Por Alberto Gallo

Especialista em Infraestrutura.
PPED UFRJ

Publicado em: 10 de março de 2025 às 22:40

 

Ganhamos o Oscar! O Rio é uma cidade vocacionada para espetáculos cenográficos, como carnaval, cores e música. É importante retomar à indústria do cinema e do audiovisual. Mas será que faz sentido usar o dinheiro público para comprar uma casa na Urca, apenas porque foi cenário do filme?

Nos anos 80, Seul viveu um momento peculiar. Durante um mês inteiro, todos os cinemas da cidade exibiam “Uma Linda Mulher”, uma versão moderna da Cinderela. O filme, um sucesso internacional, encantou o público, mas também revelou uma realidade incômoda: não havia nenhum filme sul-coreano em cartaz naquele ano. As autoridades, surpresas, perceberam que o país estava importando cultura em vez de produzi-la.

Foi um choque necessário. Dali em diante, políticas públicas foram criadas para fomentar a indústria do audiovisual local. Quarenta anos depois, o resultado é impressionante: a Coreia do Sul se tornou uma gigante cultural, exportando filmes premiados, séries aclamadas e o fenômeno global do K-pop.

Filmes como “Parasita”, vencedor do Oscar de Melhor Filme, e “Oldboy, cultuado mundialmente, mostram a força dessa indústria. Artistas como Crash Landing on You dominam as paradas musicais, enquanto séries como “Round 6” e Crash Landing on You conquistam plateias globais.

Hoje, Seul abriga uma verdadeira “cidade das produções”, com estúdios que criam desde animações até ficção científica, gerando empregos e movimentando bilhões de dólares anualmente.

E o que isso tem a ver com o Rio de Janeiro? Tudo! Vivemos um momento mágico: “Ainda Estou Aqui” ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, levou Fernanda Torres ao reconhecimento internacional e provou que o cinema brasileiro tem potencial para brilhar no mundo.

É a hora de repensar o Rio como um centro de produção audiovisual, capacitando pessoas, explorando nichos e ocupando o espaço deixado pela decadência da TV aberta, onde a Globo já não é mais absoluta

A internet sacudiu o mercado, trazendo novos formatos e atores. Streaming, YouTube e outras redes sociais abriram portas para produções independentes e inovadoras. Mas, para aproveitar essa onda, precisamos de políticas públicas inteligentes.

“Ainda Estou Aqui” mostrou que não é preciso depender apenas de dinheiro público ou da Lei Rouanet. Empresários como Walter Salles provaram que é possível captar recursos e produzir obras que se sustentem como negócios.

No entanto, há um problema: o cinema de Estado, financiado com recursos públicos, muitas vezes beneficia diretores e artistas medíocres, que produzem obras ideologicamente alinhadas, mas artisticamente desprezíveis.

Filmes como “Lula, um Filho do Brasil” de Fábio Barreto é um exemplo de obras feitas por cineastas ricos que se aproveitam da vaidade de populistas, para práticas medíocres.

Semelhante a esse fato, acontece o mesmo também na produção editorial, como é o caso de livros como “Rousseff. A História de Uma Família Búlgara Marcada por Um Abandono, o Comunismo e a Presidência do Brasil” do jornalista brasileiro, radicado em Genebra, Jamil Chade, que fez uma obra baseada numa linguagem de um típico bajulador de plantão, no afã de um falso enaltecimento à ex-presidente Dilma.

E sempre haverá artistas dispostos a se submeterem a esse papel humilhante diante de poderosos, em troca de algum prestígio, fama e dinheiro para patrocinar seus projetos sem expressão. Isso vale tanto para a direita, como para a esquerda.

O triste nessa situação, é que o dinheiro dos mais pobres, recolhidos nos impostos vai para o bolso de gente rica e incompetente, em projetos que não atraem público, e nem contribuem em nada para o desenvolvimento da cultura.

Por fim, existem ações que não fazem sentido, como por exemplo, a desapropriação de uma casa na Urca, fruto de um decreto do Prefeito Eduardo Paes, imóvel esse que serviu como cenário para o filme de Salles, “Ainda estou Aqui”. Não é um imóvel histórico original, e apesar de ser uma casa de época da Urca, não tem qualquer atrativo diferente de outras casas da vizinhança.

Há algum sentido em aproveitar esse espaço como centro da indústria de cinema? Poderia ser usado como área para exibição, ou promoção de cursos? Ou seria um museu do cinema, com espaço para experiências sensoriais e de divulgação? Ou quem sabe, ser utilizado como centro de produção e laboratório técnico para novas tecnologias?

O Rio não precisa de gestões equivocadas para se tornar uma “Seul latina” ou uma “Hollywood Carioca“. O que se precisa é de visão, planejamento e investimentos inteligentes.

A lição de Seul está aí: com políticas públicas eficientes e uma indústria do audiovisual forte, que prova ser possível transformar uma cidade em um polo cultural global.

O Rio tem tudo para seguir esse caminho. Basta querer, e criar as condições concretas para operacionalizar a sua execução.

 

 

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