Festival Africanidades
Da Redação 8K / Fotos: Divulgação
Publicado em: 2 de julho de 2024 às 01:08
A The African Pride, empresa responsável pela conexão Brasil/África, trouxe ao Rio de Janeiro a curadoria do “Espaço Africanidades: Ancestralidade hoje” que ofereceu uma programação diversificada, abrangendo tanto práticas ancestrais quanto manifestações culturais contemporâneas.
Carolina Morais, historiadora brasileira e co-fundadora da The African Pride, liderou a curadoria do Espaço Africanidades, juntamente com Bárbara Cortese Caldas, escritora e diretora da Mater Produções, apresentando uma programação variada, de oficinas de tambores, contação de histórias e performances, com destaque para o conceito de “Oralitura”, da Dra. Leda Martins, que enfatiza a importância da oralidade nas textualidades africanas.
Segundo Caldas, a inclusão do Espaço Africanidades no festival é uma estreia significativa, visando estabelecer laços entre a população afrodescendente do Rio de Janeiro e sua ancestralidade.
Já Morais ressaltou a importância de trazer a África em primeiro plano, aprendendo sobre sua história e cultura através da música e literatura, como forma de reconstruir uma memória positiva sobre a população negra no Brasil e na África.
Em entrevista durante o festival, no Espaço Africanidades, o renomado artista nigeriano Bash que conduziu a oficina Tambores Falantes Iorubás compartilhou sua jornada pessoal como imigrante no Brasil, desde sua chegada em 2022.
Embora elogie o programa de acolhimento do governo brasileiro, que oferece conforto e suporte aos imigrantes, ao qual se beneficiou desde sua chegada ao Brasil, há dois anos, Bash admite que às vezes enfrenta dificuldades em se sentir aceito em algumas cidades.
Como africanos vivendo no Brasil, Bash e outros imigrantes experimentam uma mistura de reações por parte dos brasileiros: enquanto alguns os recebem calorosamente e apreciam a diversidade cultural que eles trazem, outros são menos acolhedores.
Bash destaca que ser um imigrante neste país tem seus desafios e recompensas. Por um lado, ele se sente alegre e orgulhoso ao ver brasileiros abraçarem e celebrarem a cultura africana, seja através da moda, da língua ou das tradições. Por outro lado, lamenta que alguns brasileiros tentam se aproveitar da vulnerabilidade dos imigrantes, que estão longe de casa e ainda se adaptam a um novo ambiente.
Quando questionado sobre sua experiência no festival, Bash não esconde seu entusiasmo: “Foi uma iniciativa incrível!
Estou muito feliz por ter vindo aqui e compartilhado a cultura africana, especialmente com os estudantes que se envolveram e acolheram todo o nosso trabalho. A aceitação deles foi incrível.” Sua dedicação em promover a cultura africana em sua nova terra permanece forte, e o Festival LER foi mais uma oportunidade para ele compartilhar sua paixão com um público receptivo e entusiasmado pelo saber.
É importante destacar que o Dia do Imigrante celebrado no dia 25 de junho foi instituído visando aqueles que deixam para trás amigos e família em busca de melhores condições de vida, além de colaborarem para o crescimento do país que se destinam, além da contribuição e o legado deixado por eles, celebrando a diversidade cultural e reconhecendo os desafios enfrentados em suas jornadas
Atualmente, mais de 35 mil africanos vivem no Brasil, e esse número só cresce. No entanto, especialistas acreditam que as estatísticas oficiais estejam subestimadas. O Brasil também abriga uma grande quantidade de imigrantes haitianos (mais de 150 mil), que, assim como os congoleses, estão entre os mais mal pagos.
Estima-se que mais de 150 milhões de africanos compõem a diáspora africana, um termo que se refere à dispersão de pessoas de ascendência africana pelo mundo, principalmente como resultado do comércio transatlântico de escravos.
Essa diáspora abrange uma ampla gama de experiências e identidades, incluindo aquelas de pessoas que se identificam como afrodescendentes na América do Norte, América do Sul, Caribe, Europa e Ásia.
A quantificação precisa dessa população é uma tarefa complexa devido à natureza diversa e à história longa dessa dispersão. No entanto, essa estimativa inclui descendentes de africanos escravizados, assim como imigrantes africanos voluntários e suas famílias.
A diáspora africana é um fenômeno global, com contribuições culturais, sociais e econômicas substanciais para as sociedades em que vivem.
Carolina Morais ressalta uma importante distinção: a diferença entre imigrantes e refugiados.
Com frequência, os africanos são erroneamente considerados refugiados, quando na verdade a condição de refugiado se aplica a indivíduos que foram forçados a se deslocar devido a fatores externos.
O processo de imigração, por outro lado, é diferente, já que não exige comprovação, por exemplo, ou intervenção do Ministério da Justiça e Segurança Pública, como no caso do refúgio. Em outras palavras, a escolha de se deslocar é uma decisão tomada pelo imigrante.
Assim, o Dia do Imigrante é uma oportunidade para refletir sobre os desafios que estes ainda enfrentam, como o racismo e a discriminação, e buscar a promoção da igualdade de direitos e oportunidades para todos os imigrantes, independentemente de sua origem ou status migratório.
No Brasil, há a celebração do Dia do Imigrante Italiano, e do Imigrante Japonês e alguns outros grupos buscam também a instituição do Dia do Imigrante Africano.
Mesmo sendo formado por pessoas de diferentes nacionalidades, o país ainda não oferece as mesmas condições para todos que migram institucionalmente por meio de políticas públicas, como também no relacionamento diplomático ou mesmo no cotidiano, se avaliada a relação entre brasileiros e não brasileiros, a depender da origem deste imigrante, relevando duros questionamentos ao conceito de d