Eleições Municipais
Por: Carlos Montarroyos (Ex-presidente do PSC – RJ.)
Fotos: Arquivo
Publicado em: 18 de jun de 2024 às 13:36
Recebi com preocupação e alguma incredulidade, a notícia de que a candidatura de Rodrigo Amorim à prefeitura do Rio de Janeiro estaria recebendo”as bênçãos” dos bolsonaros.
Essa notícia, com cheiro de informação plantada para ver o que acontece depois, se refere a um suposto jantar em Brasília coma participação de Rodrigo Amorim, do presidente nacional do União Brasil, do presidente da sigla no Rio de Janeiro e, nada menos que Flávio Bolsonaro, embora Flávio não apareça na foto desse tal jantar.
A candidatura de Ramagem foi lançada por Bolsonaro e embora ainda não oficializada em Convenção, é ela a candidatura que deverá enfrentar Eduardo Paes, representando a direita e o bolsonarismo no Rio de Janeiro.
Pode haver discordâncias, mas dentro do campo da direita, essa divergência não pode levar à construção de outras candidaturas, sob o risco de dividir a votação de Ramagem e dar a vitória a Eduardo Paes.
A alegação da candidatura de Rodrigo Amorim é que, com o acerto, haveria uma divisão apenas no início, mas com uma união logo depois, no curso da campanha. Pode ser que Amorim esteja pensando que, no curso da campanha sua candidatura ultrapassaria Ramagem e forçaria sua desistência, ficando Rodrigo sozinho como candidato da direita contra Paes.
Ou pode ser que Rodrigo esteja forçando uma situação para ser o vice de Ramagem. É tudo especulação de minha parte, tentando entender esse movimento, que imagino inconsequente. Seja qual for a intenção de Rodrigo Amorim, é uma estratégia arriscada, suicida, com base apenas em uma ambição política mal resolvida.
Gosto do Rodrigo Amorim. Por seu conhecimento dos problemas do Rio de Janeiro, por sua combatividade e coragem política, Rodrigo seria um excelente candidato contra Eduardo Paes, se Bolsonaro já não tivesse lançado Ramagem Seria importante então para Rodrigo, aceitar e assumir um papel importante na campanha de Ramagem, para assegurar a derrota de Eduardo Paes.
Ramagem pode ter menos experiência política que Rodrigo. Mas nada que não possa aprender e resolver no curso da campanha, com uma boa assessoria, tanto técnica como política. E isto inclui, desde os problemas específicos da cidade, à sua relação com os problemas estaduais e nacionais, com os quais já lida como deputado federal.
Além disso, como delegado da Polícia Federal, Ramagem preenche para o eleitor uma preocupação importante, pois todos sabemos que a segurança pública, pelos problemas vivenciados pela população do Rio de janeiro será um tema importante da campanha, embora não seja atribuição direta do prefeito.
Se Rodrigo se considera no campo da direita, não vejo por que essa sua candidatura, que assume contornos divergentes e divisionistas. Dizem alguns, que Rodrigo seria candidato para bater no Eduardo Paes, enquanto Ramagem ficaria livre para trabalhar propostas.
Tudo bem. Rodrigo pela sua combatividade faria isso muito bem. Mas se for esse o problema, não precisa ser candidato para desempenhar essa função. Dizem outros que a votação de Rodrigo forçaria inevitavelmente um segundo turno. Pura falácia. A votação de Ramagem vai forçar o segundo turno sem precisar dividir o campo da direita.
A concentração da direita e não a divisão, é que forçará o segundo turno contra Eduardo Paes.Se isso for uma estratégia, só pode ter saído da cabeça de articuladores ingênuos ou inexperientes. Se não for assim, cheira a deslealdade. E não acredito que Bolsonaro aprove esse movimento, depois de ter lançado Ramagem como candidato.
Bolsonaro não é ingênuo nem inexperiente. Muito menos desleal. Posso atestar por experiência própria que ele cumpre o que combina, a palavra empenhada. Jamais deixaria Ramagem ao relento depois de o ter lançado como candidato do bolsonarismo à prefeitura do Rio de Janeiro.
E Rodrigo sabe bem que, sem apoio de Bolsonaro, nenhuma candidatura política de oposição a Eduardo Paes se coloca de pé. E não existem várias direitas atualmente, nem no Brasil e nem no Rio de Janeiro. A direita é Bolsonaro.
Nota da Redação 8K:
“Segundo a última pesquisa (estimulada) da Quaest, sobre as eleições no Rio, mostra Paes, com apoio de Lula, oscilando de 51% para 47%. Já Ramagem, apoiado pelo Bolsonaro, salta de 11% para 29%. Foram entrevistados 1.145 eleitores na faixa 16 anos, ou acima. Registrada em: 16/06/2024.”