Otoni de Paula Pai
Por Silvia Pereira / Fotos: Renan Areias
Publicado em: 29 de maio de 2024 às 03:21
Com um record de comparecimento, entre autoridades parlamentares, além do prefeito da cidade Eduardo Paes, entre amigos fiéis e pastores de seu convívio de fé, além, é claro, da presença de uma família com laços tão umbilicais que transcendem por vezes a morte física, que como anfitriã recebia no entorno do féretro de seu velório o adeus ao um patriarca que simbolizou uma era de ensinamentos, testemunhado por vários depoimentos ali proferidos.
Assim foi o evento de despedida pelo falecimento do pastor e Deputado Estadual pelo Rio de Janeiro, popularizado como Otoni de Paula Pai, por gerar uma certa ambiguidade com o nome de seu primogênito, o Deputado Federal Otoni de Paula, ambos do MDB carioca, e que morreu, na madrugada desta segunda-feira (27), no Ambulatório Américas Medical City, na Barra da Tijuca, vítima de um câncer no fígado aos 71 anos de idade.
A família se uniu mais, depois de ter sido diagnosticado há poucos meses a doença numa fase já irreversível, tendo no último sábado uma piora, quando foi parar na UTI, depois de se despedir da esposa, a senhora Fátima de Paula, dos filhos e netos, e finalmente foi entubado e sedado.
Todos os membros da família se mantiveram presentes e incansáveis na luta pelo restabelecimento, porém, o fato mais emblemático, que chamou atenção foi a dedicação exclusiva e atenta de seu filho mais jovem, Renato de Paula. Inclusive pediu licença de suas funções na Suderj, além de suspender compromissos de sua pré-campanha para Vereador para a Câmara Municipal do Rio, para acompanhar e monitorar de perto os altos e baixos da enfermidade de seu pai, que enfrentava um turbilhão de mudanças bruscas em seu seu quadro de saúde, e que se agravou muito, nas últimas semanas, quando ocorreu o óbito.
O velório transcorreu no Palácio Tiradentes, que teve a condução do filho mais velho do parlamentar morto, o Deputado Federal Otoni de Paula, numa cerimônia restrita aos familiares, amigos e correligionários do parlamentar, que teve início ás 10h, dessa terça-feira, com sepultamento marcado para o cemitério Jardim da Saudade, em Mesquita, às 15h.
O primeiro a se pronunciar durante a abertura do velório, foi o presidente da Casa o Deputado Rodrigo Bacellar (União), que muito emocionado falou sobre a relação próxima que tinha com o Otoni Pai, e lembrou da última vez que esteve com o colega de política. “Vou guardar sempre a figura do Sr. Otoni dando risada, cantando para mim, falando besteira no meu ouvido. Com aquela última recordação, dona Fátima, quando passei aquela manhã de sábado, acho que deve ter umas três semanas, lá no hospital, e ele o tempo inteiro parecia que o doente era a gente. Ele era o mais sensato da história, mais uma vez brincando, me abraçando e cantando. É esse que vou guardar para mim. Parceiro e fiel. Aprendi muito com ele”, contou Bacellar.
Já o deputado estadual Luiz Paulo (PSD) também fez uma homenagem na despedida ao colega disse: “Convivi com o Otoni só há um ano e três meses, mas para mim foi um relacionamento gratificante. Sempre teve uma fé inabalável e uma alegria contagiante. Confesso que ao longo dos meus 78 anos, jamais vi alguém encarar a doença e a possibilidade da morte com tanta dignidade e fé”, destacou.
O vice-governador do Rio, Thiago Pampolha (MDB), assim como o prefeito Eduardo Paes (PSD), e dezenas de outros que também estiveram presentes no velório, e deram seus depoimentos de admiração e conforto à família, todos lembrando histórias peculiares que vivenciaram com o parlamentar morto.
A fala de Paes porém, marcou o ponto alto das homenagens, ali prestadas pelos amigos, que devido à sua corrente de oposição, adotou um tom de trégua no sentido de “depor armas contra adversários”, e reconhecer o lado humano e os valores das lutas de cada político, independente de paixões ideológicas:
“As pessoas confundem o que é a disputa política e o lado humano. Independente das nossas discordâncias e conflitos, o meu amigo deputado federal Otoni é um grande homem, que serve sua família, seu estado. Nosso coração tem que estar junto nessa hora de sofrimento. Venho agradecer por esse homem que serviu a Deus e construiu uma família cujos filhos ajudam o estado. Vim aqui dar meu abraço como amigo e, como prefeito, agradecer por tudo que o Otoni Pai fez pelo Rio de Janeiro”, encerrou o prefeito Eduardo Paes.