Reportagem: Silvia Pereira / Fotos: Arquivo
O Portal 8k estreia a partir desta semana Perfil Exclusivo, trazendo como primeiro convidado o Deputado Federal Otoni de Paula, que falou de maneira tranquila e serena, sobre todos os questionamentos da Coluna, em relação a assuntos por vezes até espinhosos, mas afirmou ser preciso a transparência para que haja a boa política.
MDB
Começamos a entrevista falando sobre o MDB, isso porque a sigla é a sua nova casa partidária, onde ele embarcou há pouco mais de um ano, trazido pelas mãos do então experimentado prefeito Washington Reis de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Depois de um ano de filiação, quem assinou o convite para que ele assumisse a presidência da Executiva Municipal do Rio, foi ninguém menos do que Leonardo Picciani, presidente estadual do partido, e que contou com as bênçãos de toda a sua cúpula, comandada pelo seu líder nacional em Brasília, o Deputado Baleia Rossi.
Segundo Otoni de Paula, sua chegada ao MDB, faz parte de uma estratégia de reagrupamento da sigla em nível nacional, que tem como objetivo central retomar o ápice do velho, vigoroso e histórico MDB de Ulisses Guimarães.
Eleições Municipais
Para atingir essa marca, há um consenso entre as lideranças do partido, de que 2024 é o divisor de águas para o MDB, no sentido de resgatar sua musculatura e capital político de um período áureo da era puro-sangue mdbista
E nada melhor para mover esse xadrez do que figurar bem na vitrine das eleições municipais do ano que vem, focando principalmente em sair vitorioso das urnas nas capitais, visando um bom desempenho eleitoral, que deve ir do majoritário ao proporcional.
Por isso, há um entendimento de que o Deputado Otoni de Paula, que foi reeleito para a Câmara Federal, concentre em seu perfil político atributos que o cacifam para o embate de 2024 no Rio.
Em primeiro lugar, o fator que o faz reconhecidamente atuante no meio evangélico, soma como condição agregadora em termos eleitorais, e que representa quase 30% dos votos no Rio, o que contribui com habilidades robustas para o enfrentamento nas urnas no próximo pleito, à atual gestão de Eduardo Paes.
Prefeitura do Rio de Janeiro
Eduardo Paes
Na primeira parte da entrevista com o Deputado Otoni de Paula, a administração Paes não foi poupada de críticas, principalmente no que se refere à Segurança Pública.
O parlamentar fez referências duras ao tratamento dado à Guarda Municipal do atual governo comandado por Eduardo Paes, e que de acordo com ele, é um órgão que se tornou sucateado, com agentes desvalorizados, principal motivo que os tornam desmotivados de exercer bem suas funções.
Citou como exemplo, a atual situação desses agentes que sequer têm, até hoje, um Plano de Carreira, o que denotaria valorização à categoria, e que não acontece na atual gestão.
Mas outros fatores que também dão sinais de falta total de compromisso, de acordo com Otoni de Paula, é que os agentes compram seus próprios uniformes, e mais: não têm aumento do seu ticket alimentação há dez anos, e por todos esses fatores acaba que a atuação do agente da Guarda Municipal do Rio, se resume em agredir o comerciante ambulante e multar motoristas, e passa assim, a ser odiada pela população
Outro ponto também que o Deputado Otoni levanta contra a administração Paes, é o crescimento desenfreado da população de rua, que o parlamentar associa ao agravamento da violência urbana, que diante de tanta inércia só há uma pergunta retórica a se fazer: “Depois de 12 anos no poder, qual o legado do governo de Eduardo Paes para a cidade do Rio de Janeiro”? indaga Otoni.
Grupo Político
Sobre o grupo político que o apoiará, diz que sempre contará, em primeiro lugar, com a igreja como sua vertente condutora, diretamente ligado a seu perfil ideológico que se baseia no campo bolsonarista.
Um bolsonarista a ponto de declarar que o único impedimento que o faria desistir de concorrer à prefeitura do Rio, seria em favor do nome do Senador Flávio Bolsonaro, o que não se converte em possibilidade, já que o clã Bolsonaro já firmou apoio à sua potencial candidatura.
Otoni entende que no Rio de Janeiro, há um vácuo político da ala conservadora, mas que ele pretende ocupar, visto que Eduardo Paes se aproximou muito do governo Lula, sinalizando para um eleitor mais à esquerda. Já o outro lado da população que se identifica mais à direita, ficou órfã.
Sobre a proximidade com o governador Cláudio Castro, há um aceno positivo para uma provável aliança política que já está sendo costurada, e que já nas próximas semanas, se desenhará a configuração de um grupo de coalizão, em torno de sua possível pré-candidatura, muito embora não negue que a polarização vai se repetir no meio político do Rio de Janeiro, tal e qual imperou nas últimas eleições
Governo Lula
Em nível nacional, falou do fraco desempenho e da fragilidade do governo Lula 3, que segundo ele, o Presidente está refém das várias facções que estão dentro do próprio PT, citando em particular os excessos da Primeira Dama, Janja Lula da Silva, e da Presidente petista, Deputada Gleisi Hoffmann.
– Esse Lula fragilizado, e às vezes sem rumo, pode ser muito bom para a oposição, mas é péssimo para o Brasil, pois não entregou nada do que prometeu ao longo da campanha política do último pleito. Após seis meses de governo, está rodeado de muitas polêmicas e frases desastrosas, principalmente na política externa. E no que se refere à política interna, muita dificuldade em lidar com os mecanismos do atual Congresso Nacional, que está muito diferente daquele de 20 anos atrás, quando ele governou nadando de braçadas, beneficiado pelo boom das Commodities, no campo das políticas econômicas, o que lhe rendeu muita popularidade entre as massas. Não é o que está acontecendo agora.
Zanin no STF
Depois de muitas críticas a quem faz indicações para vagas na Suprema Corte, Lula apadrinha seu advogado particular para a vaga de Ricardo Lewandowski, ex Ministro do Supremo Tribunal Federal, num flagrante ato de incoerência entre seu discurso e a prática. Porém Otoni afirma, que independentemente de Zanin ser uma indicação de Lula, ele ganhará com folga pelos seus próprios méritos, e na sabatina no Senado demonstrou grande habilidade de raciocínio, e mesmo diante de Moro, seu grande adversário, conseguiu arrancar dele grandes elogios sobre sua atuação profissional.
Bolsonaro
Já para o ex Presidente da República Jair Bolsonaro, Otoni faz acenos benevolentes em relação à sua atuação política durante toda a sua permanência no cargo. E aproveitou para fazer uma analogia entre a indicação de Zanin por Lula, atualmente, e a de Nunes Marques, nomeado na época por Bolsonaro, ambos para uma vaga no Supremo Tribunal Federal. Ele avalia que diferentemente de outros ‘padrinhos’, Bolsonaro não interferiu nas posições de voto de seu indicado, e assim o magistrado não teve que agradecer com a toga ao presidente Bolsonaro que o indicou. A ponto de seu indicado o Ministro Kássio Nunes Marques votar a favor de libertação de Lula, na época em que estava preso. Segundo o Deputado Otoni de Paula, o fato serviu para demonstrar como Bolsonaro lida eticamente com o poder, o que não é muito comum no Brasil.
Cassação do Deputado Deltan Dallagnol e a inversão de valores
Segundo o parlamentar, a cassação de seu colega se deu, como fruto de um contorcionismo político, numa manobra jurídica interpretada e assemelhada a uma inversão de valores, fato muito presente em nossos dias, refletida de maneira acentuada pelo universo da política brasileira. E o recado que o Brasil está dando para as próximas gerações, é de que o crime compensa, e isso é muito ruim.
E mais, temas como as buscas e investigação contra o Senador Marcos do Val, e as posições do Ministro Alexandre de Moraes, segundo a visão do Deputado Otoni de Paula, e que você confere na íntegra, no vídeo abaixo:
Veja o vídeo da entrevista: