O impacto da Inteligência Artificial (IA) sobre o mercado de trabalho no mundo

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Professor Lucy Braga
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Inteligencia-artificial-chatgpt Professor Lucy Braga Inteligência Artificial fotor-2023-2-24-18-54-45

Por Lucy Braga (entrevista) / Fotos: Arquivo

Afinal, a Inteligência Artificial chegou para roubar nossos empregos, ou será nossa aliada?  Sem dúvida, o fenômeno já é apontado por uma linha de estudiosos, com um certo ceticismo sobre suas reais atribuições, e o encaram como um divisor de águas na história da humanidade, mais assombroso do que a invenção da bomba atômica.

O certo mesmo, é que a Inteligência Artificial se apresenta como um grande desafio, até mesmo para o mundo contemporâneo tão avançado quanto o nosso, pois vence a barreira do improvável, mirando a busca pelo rompimento do que hoje conhecemos como realidade. As práticas operacionais dessa nova ordem mundial, atingem principalmente, as relações corporativas repetitivas, e que serão substituídas, muito em breve, pelos  algoritmos. É o que alertam os especialistas.

Segundo eles, isso significa que em pouquíssimo tempo, robôs tomarão em larga escala, o comando humano na cadeia produtiva.

Estima-se que nos próximos anos a metade dos postos de trabalho no mundo desaparecerão, causando o aumento da desigualdade social, de acordo com alguns analistas.

Se tal consequência prevista por esses observadores, se comprovará na prática em um futuro próximo ou remoto, ou é apenas uma especulação, só o tempo e os fatos dirão.

Para maiores esclarecimentos sobre esse tema bastante polêmico ainda, o Portal 8K foi ouvir o advogado e professor Telson Pires, do Programa de Doutorado em Direito da UFF (PPGDIN), para falar sobre o assunto em meio às comemorações pelo Dia do Trabalhador no Brasil

8k –  De que forma o avanço tecnológico e a Inteligência Artificial poderão impactar o mercado de trabalho, de um modo geral?

TP – As práticas produtivas repetidas serão substituídas por algoritmos, isto é, robôs substituirão de vez o comando humano na cadeia produtiva. A tecnologia está se “libertando” através da Inteligência Artificial (IA), e isso vai impactar ainda mais o mercado de trabalho. Estima-se que nos próximos anos a metade dos postos de trabalho no mundo vai desaparecer. A transformação atual da indústria automotiva serve como exemplo. Hoje já existem carros que dispensam motoristas, guiados por IA. Ainda nessa esteira tecnológica, um motor elétrico usa perto de 200 peças, enquanto o motor a combustão utiliza em torno de 2.000/3.000 peças. É nítido o impacto no mercado de trabalho, seja na indústria, ou no segmento de serviços.

O Chat GPT (ferramenta criada em 2022, que usa IA para interagir com humanos) também irá impactar muitas profissões, diante da facilidade de obtenção de respostas rápidas e soluções inteligentes.

A par dos benefícios que proporcionam, não se pode perder de vista os efeitos negativos que a marcha tecnológica causará, sobretudo em relação ao aumento da desigualdade social e da miserabilidade no planeta.

8K – Que políticas públicas poderiam ser adotadas para evitar esses efeitos negativos, dos quais o senhor se refere, em relação à inteligência artificial?

TP – Estados Unidos e Europa já discutem políticas públicas para o amortecimento dos impactos decorrentes da elevação dos índices de desemprego, dentre outros aspectos. No Brasil, o tema ainda não está na pauta do dia, porém é certo que a ação mais contundente deve se dar no âmbito da educação. Nosso modelo é arcaico e não prepara os jovens para as profissões do futuro. É necessário refundar os alicerces da educação no Brasil, com urgência.

8K –  O que dizer para os trabalhadores neste 1° de maio sobre essa nova realidade, que impacta tão de perto a sua sobrevivência profissional?

TP – É preciso perceber a evolução tecnológica que está à nossa volta, e buscar conhecer ou aprimorar as habilidades para esse novo mundo. Quem não se adaptar ficará para trás e cada vez menos empregável. Voltar a estudar pode ser um caminho para quem há muito não procura conhecimento.

Esse mundo novo também abre largo espaço para o empreendedorismo, com o uso da rede mundial de computadores.

8K –  E para os jovens estudantes, em particular, que logo deverão ser absorvidos pelo mercado de trabalho, que tipo de preparo o senhor apontaria, para que essa leva de novatos, sejam inseridos nessa nova linguagem de desempenho de tarefas, ainda pouco ortodoxas?

TP – Os jovens precisam ficar atentos aos empregos, e às ocupações profissionais que exigirão habilidades diferenciadas. O estudo também é o caminho que não pode ser interrompido, ou deixado de lado. Depois do ensino médio, um curso superior, depois uma pós-graduação, e por aí vai. A continuidade dos estudos somado a um bom planejamento de carreira garantem boas chances nesse mercado de trabalho que será ainda mais competitivo daqui para frente.

 

 

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