Rio, São Paulo e Salvador debatem no maior encontro de economia criativa da América Latina, nas Cidades das Artes, na capital fluminense

Rio2 C
Palcos do Rio 2C
Palestrantes-rio2c2023
Rio2 C Palcos do Rio 2C Palestrantes-rio2c2023

Por Silvia Pereira / Fotos:  Divulgação

“As pessoas são o nosso maior ativo”! Com esse mote foi aberto nesta semana, de 11 de abril nas Cidades das Artes no Rio de Janeiro, o maior    encontro de criatividade e inovação da América Latina, que se estenderá até domingo, dia 16/04.

São 11 palcos, que durante 3 dias, o Rio2C está apresentando uma exposição única de conteúdos em keynotes e painéis abordando 12 principais temáticas da indústria criativa, através de um recorte transversal da criatividade. Temas urgentes e atuais dos diferentes segmentos da indústria criativa do Brasil e do mundo.

“A criatividade é o tema central aqui, mas o foco sempre são as pessoas”, disse a subsecretária executiva de Cultura da Prefeitura do Rio, Mariana Ribas no Rio2C 2023, durante o painel “A cultura e a criatividade como fatores estratégicos de desenvolvimento e promoção das cidades”.

Também participaram os secretários municipais de Cultura Aline Torres (São Paulo) e Pedro Tourinho (Salvador). Eles discutiram a importância e o impacto da criatividade e cultura no desenvolvimento e na promoção de territórios e sobre como é possível criar um círculo virtuoso e sustentável.

O conceito de cidade criativa se originou com o impulso da indústria ou da economia criativa, no entanto, o mesmo não se pauta somente na economia e, para seu desenvolvimento, os recursos culturais são essenciais.

“Vou agora fazer inveja no Rio”, provocou Aline Torres. “O orçamento municipal de Cultura em São Paulo é de R$ 778 milhões, sendo que conseguimos direcionar uma grande parte para equipamentos culturais periféricos, o que não ocorria antes”, afirmou a secretária.

A Prefeitura de São Paulo vai destinar R$ 90 milhões a editais da área cultural este ano. E a pasta vai investir na formação de jovens da periferia para acessar esses editais.

Existem pessoas da periferia acessando mais estes recursos, segundo Aline. “Esse é o soft power da cidade de São Paulo. A Virada Cultural que sempre foi no Centro se transformou na Virada Cultural do Pertencimento, ocupando regiões mais distantes, com Itaquera e Freguesia do Ó, e com a mesma infraestrutura da região central”.

Em 2001, o autor inglês John Hawkins definiu o termo no livro “The creative economy: how people make money from ideas”.

“A cultura ficou espremida no meio da polarização política”, disparou Pedro Tourinho. “A cultura está intimamente ligada à prosperidade das pessoas de uma cidade. Muito do nosso trabalho tem sido dar protagonismo a artistas que não têm espaço no mercado nacional. Essas pessoas não podem ficar fora do jogo econômico. Trabalhamos para que muita gente possa viver de cultura e não precise se mudar para Paris ou Brooklyn. Negros são a nossa prioridade em Salvador. Se não houver essa representatividade no palco, a gente não apoia”!

A capacidade criativa de um local depende de sua história, cultura, forma e condições operacionais, formando um conjunto que define o caráter da cidade e as especificidades de determinado espaço urbano.

De acordo com Pedro Tourinho, são três os itens básicos que tornam a cidade criativa: reter talentos, diversidade/tolerância e boemia. “São estes laços que fazem com que mais pessoas queiram morar nestas cidades”!

Como serão as cidades do futuro? “A diversidade é a alma da criatividade”, definiu o mediador Rafael Lazarini.

Descentralizar recursos, democratizar o acesso aos bens culturais e fortalecer parcerias são a solução sugerida por Mariana Ribas, que encerrou apresentando dados da economia criativa no Brasil, entre eles o PIB da cultura hoje ser maior que o PIB nacional, como divulgou o observatório Itaú Cultural. Só no ano passado, foram gerados 308,7 mil novos postos de trabalho, e as mulheres ocupam quase metade deles.

Qual o foco destas três grandes cidades para a chegada deste pacote de recursos viabilizando pelo governo Federal?

No Rio, será lançado um pacote de investimentos para inovar a forma de fomentar, colocando editais por exemplo para consulta pública. “Esse olhar para a cidade. Entender primeiro o que está acontecendo na cena carioca para depois lançar o edital”, acrescentou Mariana Ribas. A capital fluminense vai receber R$ 48,3 milhões da Lei Paulo Gustavo.

No caso de São Paulo, já são cinco consultas públicas agendadas. “Elas são importantes para entender e afinar um pouquinho mais o desenho destes editais”, comentou Aline Torres, que terá R$ 87 milhões da Paulo Gustavo.

Para fechar, Pedro Tourinho anunciou que vai colocar R$ 1 a mais a cada R$ 1 real advindos da Paulo Gustavo, que vai destinar R$ 23 milhões para a capital baiana. Aqui no Rio, os recursos são via Prefeitura do Rio, através da Secretaria Municipal de Cultura (Lei do ISS e RioFilme).

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